Designers podem ir e vir, mas o tailleur de tweed da Chanel é eterno. Essa foi a mensagem clara do desfile que celebrou os 110 anos de alta-costura da marca. Em meio a uma transição criativa significativa, com a saída de Virginie Viard em maio passado e a aguardada chegada de Matthieu Blazy apenas em outubro, a Chanel está determinada a manter sua relevância e continuar brilhando no cenário da moda.
A passarela foi um show à parte: composta por duas estruturas curvas que formavam o icônico símbolo da Chanel, mas reimaginadas como pontes entrelaçadas no formato do infinito. Criada pelo renomado cenógrafo Willo Perron, conhecido por seus trabalhos com Lady Gaga e Rihanna, a instalação no Grand Palais reafirmou o status da Chanel como um pilar fundamental da cultura francesa. O design da passarela não foi apenas um elemento cenográfico impactante, mas também uma metáfora visual poderosa que reforça a atemporalidade da marca e sua capacidade de se reinventar continuamente.
Antes mesmo do desfile começar, as redes sociais já estavam fervendo com o look mais comentado da coleção: um tailleur curto com inspiração na icônica estética de As Patricinhas de Beverly Hills. Entre as celebridades presentes, Kylie Jenner roubou os holofotes ao chegar em um conjunto de tweed creme, combinado com óculos escuros gigantes, correntes de cintura no estilo Gen Z e seu abdômen bronzeado estrategicamente à mostra entre o blazer cropped e a saia plissada. A influência do estilo jovem e moderno na reinterpretação do clássico tailleur da Chanel mostrou como a marca continua a dialogar com novas gerações sem perder sua essência sofisticada.

Na passarela, a proposta manteve essa mesma energia jovem e elegante. O desfile começou com tailleurs curtos em branco, passando por tons creme até chegar em tons pastéis delicados, todos combinados com pernas à mostra e slingbacks confortáveis. O styling foi pensado para manter o frescor e a modernidade: cabelos soltos ou presos em coques elegantes e lábios vermelhos adaptados para combinar com cada tom de pele. Pequenos detalhes sofisticados, como botões de cristal e cintos finos de veludo preto, adicionaram um toque refinado aos looks.
A coleção também mostrou toda a expertise técnica dos ateliês de alta-costura da Chanel. Entre os destaques estavam as rendas bordadas que imitavam perfeitamente o efeito do tweed, criando uma ilusão de texturas sofisticadas, e os vestidos de chiffon em camadas tão leves que pareciam desafiar a gravidade. Para aquelas clientes que preferem um visual mais discreto, algumas das saias de cintura baixa vinham com blusas de cetim embutidas, garantindo um toque de sofisticação sem precisar expor a pele sob um blazer cropped.
A presença de referências pop na moda da Chanel tem sido uma estratégia clara para conectar o luxo clássico com o público contemporâneo. Isso ficou evidente na escolha de Taylor Swift de um macacão curto de tweed Chanel para um jogo da NFL em Kansas na semana passada e no look da atriz Mikey Madison, que brilhou em um tailleur de tweed branco no tapete vermelho do Festival de Cinema de Toronto. Esses momentos reforçam como a marca continua sendo relevante tanto para veteranos da moda quanto para as novas gerações de fashionistas.

Com Matthieu Blazy se tornando apenas o quarto diretor criativo da Chanel – seguindo os passos de Coco Chanel, Karl Lagerfeld e Virginie Viard –, sua estreia em outubro é muito aguardada. Enquanto ele prepara sua visão para o futuro da marca, a equipe interna continua sustentando a tradição e a sofisticação da Chanel, garantindo que cada coleção mantenha o pêdrão impecável da maison. Antes de sua grande estreia, ainda veremos desfiles marcantes: o prêt-à-porter em Paris, um show cinematográfico às margens do Lago de Como e mais uma coleção de alta-costura que promete reforçar o legado inabalável da Chanel.
A Chanel pode estar em um momento de transição, mas continua ditando as regras do luxo e da moda. Entre a herança do passado e a esperança para o futuro, a marca se reinventa e prova que, independentemente das mudanças, sua história está longe de ser concluída. De Paris ao mundo, o duplo C segue como sinônimo de sofisticação, estilo e perenidade.