Março, o Mês das Mulheres, convida à reflexão sobre os desafios e conquistas femininas em todas as esferas da sociedade. No mundo corporativo, esse é também um momento para reconhecer trajetórias que transformam, abrir espaço para novas vozes e reforçar o compromisso com a equidade de gênero. Mais do que celebrar feitos, é tempo de compartilhar aprendizados – especialmente aqueles que moldam carreiras e inspiram novas gerações de líderes.
Neste espírito, reunimos seis mulheres à frente de grandes empresas no Brasil – banco BV, Omie, Revo, Simpress, Sólides e Superlógica – para responder a uma única pergunta: qual conselho você gostaria de ter recebido no início da sua jornada profissional? As respostas, repletas de sinceridade, sensibilidade e inteligência prática, revelam nuances de uma liderança contemporânea, mais empática, estratégica e humana.

Aurora Suh, Chief Revenue Officer da Omie, compartilha que, embora tenha aprendido desde cedo o valor da resiliência como filha de imigrantes, gostaria de ter compreendido antes a importância de focar no que está ao seu alcance e encarar as adversidades com responsabilidade emocional. Para ela, evitar conversas difíceis só adia conflitos internos. Colocar para fora o que pesa, com leveza e clareza, fortalece vínculos e abre espaço para relações mais transparentes. Essa percepção, porém, veio acompanhada de um olhar para dentro. Ela descobriu que cuidar de si mesma – com práticas como yoga, sono de qualidade, leitura matinal e momentos com a família – a torna mais forte, centrada e preparada para inspirar outras mulheres a trilharem seus próprios caminhos.

Claudia Furini, diretora de Marketing, Estratégia de Clientes e ESG no banco BV, destaca a importância de acolher as próprias vulnerabilidades. Segundo ela, reconhecer limitações é um ato de coragem e um ponto de partida para o verdadeiro crescimento. Suas palavras sugerem que as fragilidades, quando compreendidas e bem trabalhadas, deixam de ser obstáculos para se tornarem motores de transformação.

Georgia Rivellino, diretora de Marketing e Produtos da Simpress, revela que só mais adiante em sua trajetória entendeu o valor estratégico do networking. Construir uma rede de conexões genuínas, cultivar relações e estar presente nos espaços de troca profissional é, para ela, um investimento essencial para qualquer carreira. Ela enfatiza que relacionamentos não se mantêm por acaso – exigem foco, constância e intenção. Colocá-los na agenda, assim como qualquer compromisso relevante, é sinal de maturidade profissional.

Mônica Hauck, cofundadora e CEO da Sólides, compartilha uma percepção profunda sobre diversidade: a de que, muitas vezes, empreendedores buscam pessoas com perfis semelhantes, mas o verdadeiro valor está na complementaridade. Para ela, reconhecer e valorizar o que é diferente é não apenas um gesto de abertura, mas uma estratégia para inovação. É da pluralidade de ideias, visões e habilidades que surgem as soluções mais criativas e eficazes.

Patrícia Dib, CMO da Revo, traz à tona um tema essencial para quem deseja crescer sem se perder no caminho: o alinhamento de expectativas. Ela recorda que, no início da carreira, buscava entregar tudo com máxima excelência – até perceber que nem todas as tarefas têm o mesmo peso estratégico. Negociar prazos e prioridades com clareza, diz ela, teria evitado episódios de exaustão desnecessária e lhe permitido focar no que realmente impulsiona os resultados.

Já Talita Zampieri, CMO da Superlógica, compartilha dois aprendizados transformadores. O primeiro é sobre a importância de saber pedir ajuda. Com o tempo, percebeu que mentores são grandes aceleradores de carreira – e que muitos profissionais estão dispostos a compartilhar conhecimento, desde que a abordagem seja aberta e sincera. O segundo conselho é um chamado à sororidade no ambiente corporativo. Em um universo ainda dominado por lideranças masculinas, Talita defende que o apoio entre mulheres não é apenas necessário, mas revolucionário. “A competição feminina é um mito que precisamos superar”, afirma. “Quanto mais nos apoiamos, mais longe conseguimos chegar.”
As palavras dessas líderes ecoam como um legado. São reflexões que carregam vulnerabilidade e força, técnica e intuição, pragmatismo e generosidade. Elas lembram que não há uma única rota para o sucesso – mas que ouvir quem veio antes, com atenção e humildade, pode transformar a forma como percorremos o caminho.