Sente-se do lado direito do trem, um amigo viajado me disse, pois é o melhor lugar para ver a paisagem enquanto você passa pelo lago de Genebra. De fato, no momento em que estou subindo as montanhas a bordo do trem Golden Pass Panoramic, equipado com janelas do chão ao teto que permitem que o viajante esteja “em harmonia com a paisagem” a neve cai em um silêncio, passando por vistas dramáticas dos alpes suíços. Fico tentando em afirmar que apenas esse percurso de trem já vale a viagem.
Situada no coração de Bernese Oberland, Gstaad é uma charmosa vila suíça que tem como pano de fundo uma pitoresca paisagem natural, considerada uma das mais belas do mundo. Chegando no vilarejo, passamos por chalés tradicionais, pequenos hotéis, prédios agrícolas proporcionando uma idílica visão do vilarejo. Minutos depois, contornamos uma rua de vitrines brilhantes – Hermès, Louis Vuitton, Cartier, Moncler, mas é mais provável que você encontre uma vaca passeando amigavelmente até o pasto. É um mundo onde a vida tradicional das montanhas suíças encontra glamour. Uma dos maiores diferenciais de Gstaad é que todo o brilho está envolvido em uma atitude de discrição. Sim, os saltos clicando nas pedras carregam pés de valor incalculável. Mas eles não querem que você fale sobre isso.
Para os entusiastas do ar livre, Gstaad promete mais atividades do que qualquer aventureiro pode realizar em um dia ou uma estadia prolongada, com direito a esqui, snowboard, mountain bike e caminhadas pelos vales nevados. A temporada de esqui geralmente começa em novembro e se estende até o início de maio. Diferente das encostas de Zermatt, a cerca de duas horas ao sul daqui, que são mais longas e variadas, Gstaad tem seus próprios 220 km de branquíssimas pistas de esqui, separadas em pistas de todos os níveis, embora 80% sejam da modalidade fácil ou moderada- perfeitas, especialmente se você é iniciante ou intermediário, procurando pistas para desfrutar ao invés de taxar suas habilidades.
E embora haja muito para manter felizes os esquiadores de todos as habilidades, o esqui está longe de ser a única atração aqui. Uma das maiores atrações é o Glacier 3000, de propriedade do magnata da Fórmula 1 Bernie Ecclestone, a geleira também conhecida como Les Diablerets ou “A morada dos demônios”, que é parada obrigatória em viagem para lá. A enorme geleira oferece 25 quilômetros de pistas de esqui em dez instalações. Não-esquiadores também estarão garantidos com a extensa programação da estação: existem várias trilhas para caminhadas, um tobogã alpino, passeios de trenó com cachorros siberianos e a famosa Peak Walk by Tissot, uma ponte de 107 metros que conecta dois picos – o View Point ao Scex Rouge – onde, em um dia claro, as vistas panorâmicas abrangem Matterhorn, Mont Blanc, Eiger, Monch e Jungrau. Para um passeio no final da tarde, opte pelo Glacier Walk, uma trilha marcada que se estende do Scex Rouge à Quille du Diable.
O palácio das celebridades em Gstaad
Depois de um longo dia de ski, voltamos para um imenso edifício branco com torres cobertas de neve . Conforme chego, sinto como se estivesse olhando para um castelo preso dentro de um globo de neve em vez de um hotel. E não é qualquer hotel. O Gstaad Palace, membro da Leading Hotels of the World, comemorou recentemente seu centésimo aniversário e, embora não seja o cinco estrelas mais antigo da estação, sua posição privilegiada no topo da vila e seu visual que aparenta ter saído de conto de fadas o torna um dos resorts preferidos dos viajantes mais exigentes, fato atestado pela constelação de celebridades como Julie Andrews, Roger Moore, Kofi Annan e Madonna que toda temporada escolhem o hotel como seu endereço em Gstaad. A tradição da propriedade é tamanha que em 1955, Gstaad aprovou uma regra para todas as construções aderirem ao estilo de chalé local. Exceto o Gstaad Palace, que escapou desta legislação. Mantendo sua construção imensa, clássica, fazendo jus ao título de palácio.
O hotel é a peça central da vila. Há toques de sua fascinante história em todos os lugares. Retratos das estrelas penduradas no famoso lobby do hotel. As chaves de latão (sem cartões eletrônicos por aqui). O emblemático elevador tartan e a arquitetura kitsch dos anos 70 da lendária discoteca GreenGo, com sua piscina e pista de dança retrátil que apareceu no filme O Retorno da Pantera Cor-de-Rosa (ele cai, é claro). A discoteca do hotel é praticamente a única da cidade e as bebidas custam no mínimo 35 francos suíços, portanto, vá com calma!
Embora não haja uma enorme cena de après-ski na vila – a maioria das pessoas vai dormir cedo e sai para esquiar cedo – há restaurantes, saunas e ações no lobby suficientes para mantê-lo entretido por dias. E não é tudo sobre o palácio. O Alpina foi inaugurado há quatro anos e oferece alguns dos restaurantes mais sofisticados da cidade. Ele também possui um spa gigante da label Six Senses, além de uma inacreditável suíte panorâmica duplex com spa, cozinha e chef próprios (se você tiver 22.000 francos extras em sua carteira por uma noite na alta temporada). Mais adiante, o Grand Bellevue, oferece seis saunas e banhos de vapor diferentes, além de uma gruta de gelo. Você também pode experimentar a inusitada vila de Iglu Iglu-Dorf em Saanenmöser com suas esculturas de gelo exóticas.
Embora as opções de luxo estejam em maioria, existem outros hotéis excelentes na região, como o Spitzhorn, de três estrelas, um entreposto com quartos modernos e impecáveis, com um design peculiar, cobrando uma fração das diárias dos cinco estrelas. O público do hotel é em grande parte composto por esquiadores experientes, que escolhem as pistas mais avançadas como a de Eggli e Wispile. Existe até um recém-aberto albergue para juventude, no entanto, não espere por banheiros compartilhados ou beliches, até o básico de Gstaad possui um ar de sofisticação.
Como chegar em Gstaad:
Voe para Genebra e pegue o trem Golden Pass Panorama, que vai de Montreux a Gstaad e Zweissimen – os bilhetes podem ser comprados em Montreux ou através do bilhete completo do Swiss Travel Pass para viagens ilimitadas via trem, ônibus e ferry.