Você já parou para pensar que um relógio Rolex pode ter uma valorização maior do que alguns ativos do mercado de renda variável ao redor do mundo? Segundo dados do Boston Consulting Group e da Watch Box, em cinco anos houve um aumento de 20% no preço dessas peças – incluindo também de outras marcas consideradas de desejo – superando os 8% registrados pelo S&P 500, um dos principais indicadores das bolsas americanas.
Segundo Claudia Krieger, COO da Orit, empresa de joias e relógios de luxo secondhand, o aumento expressivo de preço dos relógios Rolex e de outras marcas está relacionado ao desequilíbrio entre oferta e demanda. “A demanda reprimida traz um aumento considerável ao valor desses relógios no mercado. Por se tratar de um produto com mercado secundário bem estruturado, acompanhamos de perto essa movimentação, que pode, para alguns modelos, ser uma alternativa de investimento interessante”.
Claudia aponta que a crise mundial provocou uma queda no preço dos produtos secondhand, sem tirar, contudo, a competitividade dos produtos no mercado.
Muitos compradores de relógios na Orit, que são também colecionadores, de acordo com a COO, entendem o valor dessas peças como investimento. “Além de serem peças em perfeito estado de conservação, o preço de relógios de marcas de luxo usados podem chegar a 50% do valor de um novo”.
Claudia ressalta que o fluxo de clientes em busca desses relógios vem crescendo exponencialmente nos últimos dois anos. “Quando observamos os clientes Orit que compraram relógios, em 2020, 72% deles eram novos. Em 2021, houve um crescimento de 70% dessa base e de 25%, em 2022”.
No mundo, os investimentos em relógios tomou tamanha proporção que já existem índices de mercado, como o Rolex Market Index, que aponta o desempenho financeiro dos relógios da marca no mercado secondhand. É composto pelos 30 principais modelos da marca e mostra o preço médio deles ao longo do tempo. Nos últimos 3 anos, o valor do relógio subiu 14,5%.
Joias secondhand: fluxo de vendas em alta e preços subindo
O fluxo de vendas de joias assinadas na Orit, de acordo com Claudia, saltou 150% entre os anos de 2020 e 2021 e de 2021 para 2022, o aumento na demanda por estas joias foi de 6%.
A COO da Orit destacou a movimentação das vendas de peças em ouro ao longo de 2020 e 2021. Segundo ela, no período houve queda de 16% na participação das vendas de joias à base de ouro amarelo – caindo de 72% para 60%. “Já de 2021 para 2022, a participação nas vendas de joias de ouro amarelo voltou a crescer, atingindo 11%, e a de ouro branco retraiu 21% no período”.
Investimento alternativo
Avaliando do ponto de vista de alocação de ativos, Claudia diz que, segundo especialistas financeiros, em uma carteira diversificada é possível manter um percentual de até 3% do patrimônio em investimentos alternativos. Joias e relógios de luxo podem fazer parte desta categoria de investimentos. “Nessa linha, comprar uma joia ou um relógio secondhand dá ao comprador a oportunidade de trazer ao seu portfólio um ativo desagiado, podendo gerar um bom retorno na hora da venda”, conclui.