A indústria de fitness passou por muitas mudanças nos últimos dois anos. Se a tendência de olhar para os exercícios como uma atividade para melhorar o bem-estar mental já vinha crescendo, com a pandemia voltamos a pensar em como eles são importantes também para a saúde física como forma de prevenção de diversas doenças. O começo de 2022, com as pessoas retomando à “vida normal” após vacinação e diminuição da média de casos de Covid, vem trazendo consigo uma retomada importante nas academias: as aulas em grupo.
Uma das profissionais de Educação Física mais reconhecidas dentro e fora do país, que também é veterana e introdutora das aulas intervaladas no mundo fitness nos anos 80, Cida Conti, aponta sobre o surgimento de estúdios dedicados a diversas atividades que variam entre ciclismo indoor, yoga, pilates, entre outros. “Esses centros de treinamento também chamados de microgyms ou boutiques, pegaram o que era velho e tornaram novo novamente, criando pequenas comunidades de pessoas com ideias semelhantes e unindo-as através de atividades físicas. É como encontrar o grupo certo para comer, beber e bater papo. Após mais de um ano dentro de casa, as pessoas querem voltar a pertencer a um grupo”, avalia.
Cida conta que quando entrou para o mundo fitness, o cenário de academias estava cheio de estúdios com professores renomados que atendiam a uma clientela seleta. Ela cita, por exemplo, que em São Paulo, os principais estúdios que revolucionaram a ginástica na década de 80 no Brasil, com uma sala de pequeno porte, eram sempre repletos de alunos apaixonados pelas aulas coletivas. Com o tempo, esses espaços foram devorados pelas grandes academias para renascerem agora, ou seja, muito depois. “O mais interessante fenômeno desta vez, é que muitos destes negócios estão surgindo com auxílio da tecnologia aliada ao treino, reinventando inclusive a posição do professor ou instrutor diante do público. Temos, por exemplo, até treinamentos híbridos, ministrados parcialmente por professores presenciais e virtuais”, comenta.
Com todas estas mudanças, ela acredita que os novos tempos serão marcados pelo reposicionamento do profissional de fitness em grupo, em uma transição de um passado caracterizado pela predominância de coreógrafos de aeróbica, para um mercado muito mais amplo e democrático, com professores preparados para aulas de inúmeros estilos e preferências. “Os consumidores estão buscando as microgyms para mudar ou complementar suas experiências tradicionais de médias e grandes academias, para sessões de treinamento que aproximem semelhantes em ambientes divertidos e acolhedores”, diz.
The Flame
Recentemente, Cida Conti se aliou ao Grupo Ultra através do fisiologista Julio Papeschi, para criar a The Flame, que integra exercícios de força, corrida e remo ergométrico. “Nosso propósito é baseado em três pilares: na ciência por trás do treinamento H.I.I.T. — ou Treino Intervalado de Alta Intensidade -, na tecnologia com gamificação e monitoramento cardíaco, e na integração social das aulas coletivas, que é uma das minhas especialidades”, explica.
Com mais de 1100 cursos e palestras ministradas em 26 países e 40 anos no mercado, Cida defende que o planejamento técnico das aulas precisa ser meticulosamente pensado. Por isso, em conjunto com a expertise de Julio, criou a The Flame com metodologia científica embasada nos mais recentes estudos de H.I.I.T., e em sua vasta experiência profissional e conhecimento teórico, tendo como foco o condicionamento físico e gasto calórico.
A sócia-fundadora, que também é reconhecida por ter desenvolvido o primeiro programa sistematizado de minitrampolins do Brasil — o Jump Fit e da metodologia Step Inteligente – nos quais é referência mundial, adentrou à tendência dos grupos e fez questão de formar turmas grandes para suas aulas: elas são realizadas com uma média de 24 a 36 pessoas. Além disso, as aulas podem ser praticadas por pessoas que possuem diferentes níveis de condicionamento físico, pois cada exercício é pensado com opções para que todos possam realizar corretamente, evitando frustrações e problemas musculares.
“Acredito muito no poder do coletivo nesses momentos, a competição amigável e os laços que são formados durante o treinamento estimulam os alunos a darem o melhor de si, criando um ambiente de parceria – tudo isso sem deixar de valorizar a personalização desse processo. Após cada aula, um relatório individual de performance é enviado para o aluno para que, juntos, possamos monitorar o progresso e garantir a satisfação de cada um com seus respectivos objetivos e resultados”, conclui Cida.