De 8 de maio a 14 de junho de 2025, a boutique-conceito Saint Laurent Rive Droite, em Paris, se transforma em galeria para receber uma exposição comovente e silenciosa: Carte Postale, uma coleção de obras raras do fotógrafo e pintor americano Saul Leiter. A curadoria é de Anthony Vaccarello, diretor criativo da maison, que aqui revela seu apreço por uma estética que valoriza o detalhe, a melancolia e a delicadeza do instante fugaz.
Longe das imagens vibrantes que tornaram Leiter conhecido por registrar as ruas de Nova York em cores a partir dos anos 1940, esta seleção mergulha em um universo mais contido — e talvez ainda mais revelador. Reunidas recentemente pela Saul Leiter Foundation, as fotografias em preto e branco da série Carte Postale foram produzidas em pequeno formato no próprio laboratório do artista, entre o fim dos anos 1960 e o início dos anos 1970. Mais do que registros documentais, são fragmentos de uma vida vivida com atenção e ternura.

Há algo profundamente íntimo nessas imagens: retratos de amigos, amantes e desconhecidos, capturados em silêncio, com uma sensibilidade que dispensa narrativas grandiosas. São cenas quase sussurradas, em que o olhar de Leiter — sempre agudo, mas jamais invasivo — transforma o ordinário em poético. Algumas dessas fotografias foram enviadas como cartões-postais a pessoas próximas, enquanto outras foram coladas em álbuns de recortes oferecidos como presentes. O gesto, mais do que artístico, é afetivo.
A série ganhou nome apenas em 2024, quando a Gallery FIFTY ONE realizou sua primeira exposição formal. Desde então, Carte Postale passou a ser reconhecida como um corpo de trabalho coeso, uma crônica visual de memórias privadas que escapam do tempo. Agora, ao ocupar o espaço da Saint Laurent Rive Droite, essas imagens ganham nova camada de significado — um diálogo sutil entre moda, arte e o gesto cotidiano.

Todas as obras expostas estarão disponíveis para aquisição na loja, assim como uma seleção de dez cartões-postais reproduzidos a partir das fotografias originais. Mais do que objetos de contemplação ou desejo, tratam-se de convites a ver o mundo com os olhos de Saul Leiter: atentos ao invisível, generosos com a beleza escondida nos detalhes, e sempre à escuta do que o silêncio tem a dizer.