Por muito tempo, o nome “Abarth” evocou uma fórmula clássica: leveza, comportamento arisco, ronco instigante e proporções compactas. Em sua nova fase no Brasil, no entanto, a divisão esportiva da Fiat se reinventa sem trair suas origens e o novo Fastback Abarth é um testemunho dessa transformação. A proposta é ousada: unir o visual imponente de um SUV cupê ao temperamento nervoso de um legítimo esportivo. O resultado é um carro que não apenas surpreende, mas que também convence com maturidade, equilíbrio e personalidade.

Mais do que um “by Abarth”
A diferença entre o novo Fastback Abarth e a antiga versão “Limited Edition Powered by Abarth” é mais do que semântica. Trata-se de uma revisão completa na dosagem do veneno. Se antes o modelo parecia um tanto deslocado com seu motor potente em um chassi ainda civil demais, agora a história é outra: o escorpião picou com força. E o SUV-cupê finalmente tem alma para acompanhar sua ficha técnica.
Sob o capô, o já conhecido motor T270 um 1.3 turbo de quatro cilindros entrega respeitáveis 185 cv e 27,5 kgfm de torque com etanol, o suficiente para levá-lo aos 100 km/h em 7,6 segundos. Mas mais do que números, o que impressiona é a entrega: há vigor desde as baixas rotações, com acelerações responsivas e retomadas que não deixam dúvidas de sua vocação esportiva. O câmbio automático de seis marchas recebeu ajustes eletrônicos exclusivos, proporcionando trocas mais rápidas e escalonamento inteligente, sobretudo no modo Poison, acionado por um discreto botão vermelho no volante.

Dinâmica afinada, comportamento envolvente
Ao volante, a experiência surpreende. A direção elétrica foi recalibrada para ser mais direta e pesada, na medida certa, oferecendo precisão em curvas e segurança em alta velocidade. A suspensão, com molas e amortecedores até 21% mais rígidos, barra estabilizadora mais robusta e geometria revista, torna o Fastback mais comunicativo e estável que o modelo tradicional. Ainda que o centro de gravidade e a traseira alongada não permitam o mesmo nível de agilidade de um hatch como o Pulse Abarth, o Fastback transmite confiança, e permite abusar um pouco mais nas curvas.
Outro destaque vai para o sistema de vetorização de torque, que atua discretamente, mas com eficácia nas transferências de peso. O Fastback entra e sai de curvas com compostura, reduzindo significativamente a rolagem da carroceria. E quando é preciso frear, os discos ventilados dianteiros respondem com prontidão, mesmo que os tambores traseiros ainda sejam um ponto de controvérsia.


Estilo que fala mais baixo, mas fala bonito
Visualmente, o Fastback Abarth segue a receita da divisão esportiva, mas de maneira mais contida. Nada de faixas extravagantes ou excesso de detalhes em vermelho: aqui, a esportividade está no equilíbrio. O para-choque redesenhado, as rodas de 18 polegadas com acabamento escurecido, o teto pintado de preto, a grade com elementos em colmeia e as saídas de escape duplas são suficientes para impor respeito, sem precisar gritar.
Por dentro, o ambiente é sofisticado e funcional. Os bancos em couro ecológico com costuras vermelhas oferecem bom suporte lateral e são visualmente agradáveis. O painel central traz acabamento que simula fibra de carbono, enquanto o teto escurecido reforça o ar de cockpit. Há uma central multimídia de 10,1” com espelhamento sem fio, além de um painel de instrumentos digital de 7” com gráficos exclusivos da linha Abarth, incluindo força G, pressão do turbo e medidor de potência.

Mesmo em termos práticos, o Fastback Abarth não decepciona. O porta-malas de 516 litros é um dos maiores da categoria e o espaço dianteiro é generoso, embora o banco traseiro seja mais indicado para dois adultos do que três. O acabamento é superior ao de outros modelos Fiat, ainda que algumas peças herdadas do Cronos, como o volante, destoem da proposta mais refinada.
Esportivo, sim, mas com sensatez
No dia a dia, o Fastback Abarth mostra que é possível ser esportivo sem abrir mão do conforto. Mesmo com a suspensão mais firme, ele absorve bem as imperfeições do asfalto e não castiga a coluna em pisos irregulares. Os ruídos do escape são encorpados, especialmente ao exterior do veículo, mas não chegam a ser cansativos para quem está dentro da cabine. E o consumo? Com etanol, a média de 8,7 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada está dentro do esperado para um carro dessa proposta.
Em segurança, o modelo oferece uma gama competente de assistências: alerta de colisão frontal com frenagem automática, assistente de permanência em faixa, farol alto automático, controle de estabilidade e tração, sensores dianteiros e traseiros, além de partida remota, ar-condicionado digital e chave presencial.
