Marilyn Monroe e Gisele Bündchen, dois ícones da beleza feminina. Como imaginar que, em algum momento, elas não se encaixariam nos padrões de beleza? Pois é exatamente isso o que aconteceria em 1966, quando a modelo Twiggy, considerada a precursora da magreza na moda, estava bombando. A referência do que é considerado bonito pela sociedade muda na velocidade das transformações culturais e sociais.
Perseguir esse ideal sempre foi fator de pressão, especialmente para as mulheres. Isso não é novo, mas é legítimo, embora pouco saudável se em excesso. O que é surpreendente é o padrão de beleza dos tempos atuais, já que esse conceito nunca foi tão amplo e diverso.
“É bastante notório no consultório essa mudança no padrão de beleza almejado hoje pelas pacientes”, conta Leandro Faustino, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que complementa: “Há uma preocupação muito grande em alcançar resultados que pareçam naturais, ou seja, que realcem a beleza única de cada pessoa e suas características particulares. É a busca pela melhor versão de si mesmo, e não para ficar tão bonita como a supermodelo”.
Mudança de padrão ao longo dos anos
Nos anos 90, a atriz Pamela Anderson, de S.O.S Malibu, era um ícone de sensualidade. Esse foi o auge dos implantes de próteses de silicone nos seios e muitas mulheres optaram por seguir essa tendência. Mais recentemente, a própria atriz optou por reduzir a prótese, o que também aconteceu com outras celebridades por aqui, como Anitta e Xuxa, porque hoje o desejo é por resultados mais naturais. Estatísticas mostram que, somente nos Estados Unidos, em 2021, a remoção e substituição dos implantes de silicone aumentaram 32%.
Faustino acredita que manifestações, como o Movimento Corpo Livre também ajudaram a fomentar esse padrão baseado na beleza real. “O que começou lá no final da década de 60, como um movimento de maior aceitação do corpo que, não necessariamente, trazia medidas-padrão, foi reforçado pelo conceito de body positive, ou positividade do corpo, onde o foco está em reconhecer a beleza da diversidade, resultando nesse posicionamento atual de não mais aceitar pressões para se encaixar em um determinado modelo”, explica o cirurgião plástico.
Com a autoridade de quem lida no dia a dia com as expectativas alimentadas pelos padrões estéticos, Faustino vê com bons olhos essa transformação e as novas fronteiras que se abrem para que a cirurgia estética cumpra seu principal propósito: trazer bem-estar e confiança ao paciente.
“Pesquisas mostram que 50% das pessoas acreditam que a aparência física está relacionada à felicidade, o que é compreensível, porque é algo que influencia diretamente a nossa autoestima. Mas não podemos colocar essa felicidade em jogo, buscando padrões de beleza que, muitas vezes, não são nossos. A verdadeira contribuição é proporcionar um caminho saudável para que cada um se reconheça em sua beleza única e especial”, conclui.