A nova versão de Vale Tudo reacende a chama de um ícone da teledramaturgia brasileira. Odete Roitman, personagem imortalizada pelo cinismo e pela ambição desmedida, agora ressurge sob a pele de Débora Bloch, numa releitura contemporânea que desafia estereótipos, e, mais do que isso, desperta desejo. A empresária poderosa não apenas comanda negócios, mas coleciona amores de vinte e poucos anos, firmando-se como uma figura de autonomia, controle e sedução.
Aos 60 anos, ela está “pra jogo” e sabe disso. A afirmação vem da própria atriz, que comentou em entrevista ao Fantástico o prazer de interpretar uma mulher madura que continua sendo desejada. “A ideia era fazer uma mulher de 60 em 2025, desejável e ainda ‘pra jogo’”, disse Débora Bloch. A fala não é só uma observação sobre a personagem, mas uma provocação social.
Ao longo da novela, Odete se envolve com homens notavelmente mais jovens — Marlon (Ricardo Vianna), Igor (Ricardo Velasco) e, atualmente, Walter (Leandro Lima). E a história promete mais reviravoltas, com a iminente chegada de César, papel de Cauã Reymond. Tudo isso pode parecer ficção com tintas carregadas, mas a verdade é que o comportamento da vilã reflete um fenômeno crescente na vida real.
Segundo pesquisa conduzida pelo site de relacionamento MeuPatrocínio em parceria com o Instituto QualiBest, cerca de 30% dos jovens da Geração Z demonstram interesse por relações afetivas com diferenças marcantes de idade e poder aquisitivo. Trata-se da hipergamia, uma estrutura de relacionamento em que um dos parceiros, geralmente a mulher, possui status social ou econômico superior. No universo digital, ela é mais conhecida como Sugar Mommy.
Esse modelo vem conquistando espaço justamente por romper com os moldes tradicionais do amor romântico. Caio Bittencourt, especialista do MeuPatrocínio, resume a lógica do arranjo: “O relacionamento Sugar é formado por pessoas que priorizam relações sem pressões e sem joguinhos. A proposta é que tudo seja leve, com transparência e base no diálogo.” Ele explica que a Sugar Mommy é uma mulher ativa e próspera, que procura um parceiro jovem capaz de acompanhá-la emocional e fisicamente.
Na prática, a tendência se sustenta em dados. Segundo levantamento da plataforma, os principais benefícios relatados por mulheres que vivem relacionamentos com homens mais novos são o aumento da motivação (31%), o companheirismo (22%), o bom humor (18%), a segurança emocional (14%) e, em menor escala, o status social (3%). O que antes era considerado tabu ou motivo de julgamento, hoje é visto com um misto de admiração e curiosidade.
Se nas novelas tudo é permitido, na vida real os contornos dessa escolha parecem ainda mais claros. Mulheres bem-sucedidas não apenas podem, mas querem viver amores descomplicados e alinhados com seus desejos. E, como Odete Roitman demonstra noite após noite na tela, elas também podem ser as protagonistas, do enredo, dos negócios e dos próprios romances.