A paixão francesa pelo Champagne enfrentou um teste de resistência diante da inflação galopante. Em 2023, os produtores de Champagne, encurralados por custos crescentes, viram-se obrigados a reduzir o número de garrafas enviadas, marcando o ano como um desvio da tradição para a nação do vinho espumante por excelência. De acordo com a Bloomberg, as exportações da região sofreram uma queda significativa de 8,2%, enquanto as vendas internas despencaram para o menor nível em quase quarenta anos – um recorde sombrio, se ignorarmos o ano atípico de 2020, abalado pelas restrições da Covid.
Apesar desse panorama desafiador, o amor dos franceses pelo Champagne não esmoreceu. Eles permanecem os campeões no consumo de suas borbulhas, bebendo mais de 40% do total produzido. Essa lealdade doméstica é um raio de luz em tempos turbulentos.
Os viticultores, por sua vez, demonstraram uma agilidade notável. Com a redução para 299 milhões de garrafas em 2023, eles trocaram quantidade por qualidade, apostando em rótulos mais caros. Essa estratégia astuta não só compensou a diminuição do volume, mas também elevou as receitas, mantendo-as acima da marca recorde de 6,6 bilhões de dólares alcançada no ano anterior, segundo informações do Comité Champagne.
Empresas como Veuve Clicquot, Bollinger e Lanson sentiram o sopro de mudança, navegando com sucesso as águas pós-pandêmicas. Conforme as restrições da Covid se suavizaram, eles experimentaram um aumento na demanda, um fenômeno que ecoou por todo o setor de luxo. Os números de envio desses produtores agora se equiparam aos níveis pré-pandêmicos, e a expectativa é de que o segmento de alta qualidade cresça até 4% este ano, um pouco abaixo dos impressionantes 8% de 2023.
No entanto, o panorama geral sugere uma possível desaceleração no mercado de luxo, com previsões apontando para um valor de mercado de 1,6 trilhão de dólares. Outubro passado foi um mês de sobressaltos para a LVMH, que viu suas ações caírem em 7% – um golpe duro não visto desde o início de 2020. A Bain & Company e Altagamma apontam fatores como a situação econômica na China, as tensões no Oriente Médio e a elevação das taxas de juros como causas subjacentes.
Mas nem tudo são nuvens no horizonte do mundo dos vinhos. Especialistas antecipam uma “explosão de bolhas” para breve, sugerindo que o interesse se voltará para uma diversidade de estilos e regiões de vinhos espumantes, como o Cava espanhol, Trentodoc e os espumantes da Califórnia. Então, prepare-se: o futuro promete novas e emocionantes descobertas fora das fronteiras de Champagne, indicando que nossa próxima garrafa favorita pode vir de terras distantes!