A Fiat detém a liderança no segmento de picapes, com uma dobradinha da dupla Strada e Toro desde o lançamento desta última, em 2016. Com a Toro praticamente sozinha no segmento intermediário entre as compactas e médias – apesar da proposta semelhante, a Renault Duster Oroch não concorre em preço –, a Toro é um veículo essencialmente urbano, mas também não faz feio em trechos offroad. A opção que tem mais atributos para ir bem nesses dois cenários é também uma das mais vendidas, a versão Volcano, a qual elegemos para ser a primeira a passar pela nossa avaliação que você confere abaixo:
Design
O ousado design do Fiat Toro agradou público e crítica – foi premiado nos famosos Red Dot Design Award e no iF Design Award. Mesmo no mercado há quase cinco anos e com um retoque pontual em 2019, a Toro continua exibindo um aparência ousada e única no mercado. O conjunto ótico dividido em três seções virou a marca registrada da picape, com uma fina lente espichada que acomoda a luz diurna em led (DRL) na parte superior. A Toro ganhou um aplique em plástico durio sobre o para-choque dianteiro, chamado pela marca de “overbump”. Ele simula um quebra-mato e a mexida sutil visa dar um fôlego no visual da picape antes da primeira grande atualização, prevista para 2021.
A aparência traz ainda detalhes cromados no nicho da luz de neblina, em frisos da grade frontal, além da barra que une o DRL e ostenta a logo Fiat. Outras características marcantes no modelo é a linha de cintura alta, as lanternas em led que avançam pela lateral na porção mais fina e a abertura bipartida (para os lados) da tampa da caçamba.
Performance
A nova Toro Freedom 2.4 chega para resolver a questão, e de certa forma calar os críticos da versão 1.8. Ela usa o motor 2.4 Tigershark mexicano incluindo o sistema Multiair de controle eletrônico das válvulas de admissão. Com bloco de alumínio, pistões de altura reduzida e revestidos para menor atrito, o propulsor ainda traz sistema de aquecimento do combustível (que dispensa o tanquinho de gasolina da partida a frio) e o recurso start-stop, que desliga o motor em paradas rápidas para reduzir o consumo. Em números, o 2.4 tem o torque que falta ao 1.8, com 24,9 kgfm, e uma potência superior ao 2.0 diesel, entregando 186 cv quando abastecido com etanol. Outra vantagem em relação à versão 1.8 está no câmbio automático de nove marchas (o mesmo do modelo a diesel, contra seis marchas do 1.8), pela primeira vez conjugado à tração dianteira – somente 4×4 no 2.0 diesel. Mesmo sem ter a força do turbodiesel, esta é a Toro mais brava no que diz respeito ao desempenho: a Fiat declara aceleração 0 a 100 km/h em 9,9 segundos e velocidade máxima de 200 km/h, sem limitador
No asfalto, o conjunto de suspensão filtra muito bem as irregularidades e mantém a Toro estável em curvas. Na terra, os trancos são suavizados pela suspensão multilink na traseira, uma opção mais reforçada do que o esquema McPherson adotado pelo Renegade no mesmo eixo. Por sua vez, a tração integral (com opção de 4×4 reduzida) dá conta do recado para ultrapassar terrenos rochosos e dunas de areia, como os das falésias da região que visitamos. Adaptativo, o sistema é menos pesado do que os convencionais usados pelas picapes médias. O câmbio faz trocas bastante suaves, mas não espere ânimo nas retomadas de velocidade. Segundo a Fiat, esta versão chega a 100 km/h em 10 segundos e tem velocidade máxima de 188 km/h
Conforto
A posição de dirigir é alta, mas lembra mais a de um SUV do que uma picape média/grande, como Chevrolet S10 e companhia. Um feito herdado de seus irmãos da Jeep, afinal a Toro aproveita a plataforma do Renegade e Compass. A dirigibilidade também está mais próxima a de um automóvel de passeio, fazendo a picape ser relativamente ágil para um carro que tem quase 5 metros de comprimento. E isso pode ser muito útil para quem roda a maior parte do tempo na cidade. Quem viaja atrás não sofre com a posição estranha de algumas picapes, nas quais você se senta em posição excessivamente ereta ou até com as pernas elevadas. O espaço para pernas e cabeça é adequado para dois adultos. Já a caçamba tem capacidade de carga de até 750 quilos A tampa com abertura vertical dividida em duas partes foi uma inovação da Toro e não foi copiada por ninguém até hoje. É uma pena, pois a solução é bastante prática e diminui consideravelmente o esforço necessário para carregar a picape.
Tecnologia
A Volcano foi por um tempo a versão topo de linha da Fiat Toro, mas hoje já superada no portfólio pela Ultra (com capota marítima rígida) e a Ranch (com acessórios fora de estrada).Mesmo assim continua a entregar um bom nível de equipamentos, De série, a Toro oferece ar-condicionado digital de duas zonas, vidros, retrovisores e travas elétricas, volante multifuncional, computador de bordo, farol de neblina e sensor de ré. A tela multimídia com GPS vem de fábrica, mas decepciona por ser pequena demais e ter funções simples para um carro desta faixa de preço. O pacote de itens de segurança também é bem completo: há os obrigatórios freios ABS, airbag duplo, assistente de partida em rampa, controle de tração e estabilidade e Isofix. A picape promete alcançar nota máxima à proteção de ocupantes graças aos sete airbags que, são vendidos como opcionais mesmo na versão topo de linha. O kit sai por R$ 4.140 e inclui regulagem elétrica do banco do motorista e sensor de pressão dos pneus.
A Toro não é só feita para picapeiros de carteirinha, daqueles que usam o carro para trabalho pesado ou trilhas. E nem tem pretensão de ser: fãs de SUVs e até sedãs estão na mira da Fiat. Para quem só roda com o carro na cidade e eventualmente curte pegar uma estrada de terra batida a caminho do sítio, a Toro é boa candidata à sua garagem. Ela entrega bons itens de série e desempenho, tanto no asfalto quanto no fora de estrada. De quebra, seu porte pode ser o suficiente mesmo para os compradores interessados em médias convencionais.
Ficha técnica
Motor: Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16V, comando duplo, turbo, injeção direta de diesel
Cilindrada: 1.956 cm³
Potência: 184 cv a 3.750 rpm
Torque: 35,7 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: Automático de nove velocidades, tração integral
Direção: Elétrica
Suspensão: Independente McPherson na dianteira e multilink na traseira
Freios: Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira
Pneus: 255/65 R17
Comprimento: 4,91 m
Largura: 1,84 m
Altura: 1,74 m
Entre-eixos: 2,99 m
Tanque: 60 l
Caçamba: 1.000 kg de carga e 820 litros de volume (fabricante)
Peso: 1.672 kg
Números de teste (montadora)
0 a 100 km/h: 10 s
Velocidade máxima: 188 km/h
Consumo urbano: 9,4 km/l
Consumo rodoviário: 12,9 km/l